As histórias são mágicas, penso e me divirto.
Elas brotam de encontros totalmente inesperados, se fortalecem quando há interesse mas, sem dúvida nenhuma, tem um inestimável poder de transformação.
Esta é a história que fala do Jaime Well, da Dona Aida e também da Dalva, Stanislava, Maria Adelaide, Maria do Carmo e várias outras senhorinhas num aconchegante e colorido asilo chamado “Cantinho Feliz”.
Ela começa assim: Na semana passada estive em Belo Horizonte, visitando nosso amigo comum Jaime Well, o mineiro que virou americano. Lá chegando ele convidou-me para visitar o “CANTINHO FELIZ”— um asilo de senhoras, bastante idosas. Ele mostrou seu talento de cantor das músicas do Frank Sinatra, foi uma performance brilhante. Então, ele pediu-me para fazer algo que divertisse também aquelas delicadas figuras humanas.
Não sei cantar nem fazer mágicas, mas continuo a aprender a falar, oferecendo estrelas para almas humanas. Pedi que algumas delas contassem suas histórias resumidamente. Ah, como ficaram felizes por encontrarem alguém que quisesse ouvi-las….
Depois contei uma história que surpreendeu a todos: “Era uma vez um menino, que nasceu numa família muito simples, mas que possuía uma grande riqueza, muito amorosa e fraterna. O menino cresceu, tornou-se um educador e transformou-se num construtor de caráter, de cada aluno. Durante 50 anos dedicou-se a essa nobre missão.”
Percebi admiração e muita curiosidade sobre o personagem da história que foi contada carinhosamente para elas. Então, provoquei-as com a pergunta: “Vocês acham essa história bonita? Será que ela pode ser verdadeira?” Elas acharam bonita, mas verdadeira… balançaram as cabecinhas brancas pelo tempo, mostrando dúvidas… Então, perguntei: “Vocês gostariam de conhecer esse professor?” Quase gritaram: SIM! Então, falei em seguida: “Preparem-se porque tenho uma grande surpresa para todos vocês. Ele está aqui, lá fora! Posso chamá-lo para cumprimentá-las?”
Em uníssono ouvi: SIM, SIM e SIM!!! Cada vez mais alto.
Saí da sala por um breve instante, voltei batendo palmas para elas, dizendo palavras elogiosas e de valor a vida. Distribui crachás em forma de flor, com o nome de cada uma delas. Mas o grande delírio, da minha “palestra bate-papo”, foi quando me apresentei como o protagonista da história que havia acabado de contar para elas, enquanto colocava meu próprio crachá, com a inscrição: “EU SOU O TERCEIRO” o alvoroço foi geral.
Mas, o que significa essa identidade?
Sentei-me à mesa onde estavam aguardando o lanche vespertino e disse pausadamente: “Eu sou o terceiro, porque tudo que faço na minha vida, coloco Deus em primeiro lugar; em segundo lugar todos meus semelhantes, especialmente pessoas maravilhosas como vocês; e em terceiro lugar, faço tudo que possa merecer para mim.”
Dá para imaginar a reação daquelas criaturas, longe do lar, dos seus queridos? Finalizei, oferecendo a cada uma, e também às suas dedicadas “cuidadoras”, um mimo: um pequeno cubo de vidro com as imagens do Corcovado, do Pão de Açúcar e do nosso gigantesco Maracanã! Não foi necessário dizer nada mais que um “Boa Tarde”.
Elas sentiram afeto, carinho, atenção e pensaram sobre suas vidas.
E no meio dessa deliciosa comemoração, a tarde não poderia chegar ao fim sem o seu momento de magia total. Com uma coroa dourada e desenhos de pedrinhas preciosas, igual a uma rainha de verdade, Dona Aida, de 97 anos, foi coroada com o prêmio “Longevidade Feliz”, com especial abraço e celebração do nosso querido Hélio.
Nota:
Esta história foi escrita por Hélio Costa, de 83 anos, tio de Márcia Costa Gomes e, gentilmente cedida para o projeto Amaridades.
Hélio, assim como eu, acredita nas histórias e no seu poder transformador.
Obrigada meu amigo!!!